Charlie Hebdo: Até que ponto te deixas provocar?
- Samuel Cunha
- 18 de out. de 2018
- 2 min de leitura
Fazem agora pouco mais de dois anos desde o atentado em Paris que vitimou 17 pessoas. Como provavelmente não víamos desde o 11 de Setembro, enumeras pessoas por todo mundo juntaram-se em ruas e praças clamando por justiça. Mesmo entre os jornalistas, e comentadores televisivos ficou patente que perante tais acontecimentos, é difícil deixar as emoções de parte. Com o decorrer dos meses, e sobretudo graças às redes sociais, varias opiniões, argumentos e reflexões têm sido dadas de forma a justificar a legitimidade de ambos os lados. E mais importante ainda sentimentos de simpatia, animosidade, ódio e compaixão têm crescido, diminuído ou estagnado com relação aos diferentes personagens desta história real.
Que sentimento toma o teu coração? Até que ponto te deixas provocar? Gostaria de propor uma reflexão sobre a forma como gerimos os nossos sentimentos perante a maldade e a injustiça.
Todos os sentimentos se encontram ao nosso alcance, contudo a Bíblia resume-os em duas categorias bem pertinentes. Estas, encontram-se bem explicitas em Deuteronómio 30.15. Neste texto Deus fala ao povo de Israel dizendo: “Repara no que hoje coloco diante de ti a felicidade e a vida, a desgraça e a morte”. Esta frase divina não pretende mostrar um Deus que nos propõe sentimentos negativos. Ao invés, esta “proposta” revela antes a liberdade de escolha que Deus nos concede no campo emocional. A felicidade e a vida encontram-se tão acessíveis quanto a desgraça e a morte e os caminhos que levam a ambos os destinos, são o amor e o ódio. Já pensaram o quão fácil é odiar alguém que pratica o mal? Ou talvez não lhe chamemos ódio, mas acho que podemos concordar que é fácil criar maus sentimentos por alguém que nos despreza, ignora ou insulta. Muitas vezes o erro do outro funciona como uma justificação para o meu. E assim o ódio, funciona como uma desculpa para a maldade.
Se pensarmos no exemplo inicial, é fácil cair na provocação e deixar-se levar por sentimentos negativos contra aqueles que satirizam o religioso, ou aqueles que matam em nome de uma causa. Mesmo que não se tratem de sentimentos negativos, e que seja apenas uma indignação contra a maldade, esta não deve levar-me a odiar o individuo, pois uma vez gerado o ódio, está construído o caminho para a desgraça e a morte.
Sobre este tema Ellen G. White
apresenta a questão de uma forma bastante clara: “Mesmo pecadores, cujo coração não se ache inteiramente cerrado ao Espírito de Deus, corresponderão à bondade; conquanto devolvam ódio por ódio, darão também amor por amor. É, porém, unicamente o Espírito de Deus que dá amor em troca de ódio. Ser bondoso para o ingrato e o mau, fazer o bem sem esperar retribuição, é a insígnia da realeza celeste, o sinal certo pelo qual os filhos do Altíssimo revelam sua elevada condição. — O Maior Discurso de Cristo, 75 (1896).
Que sentimentos habitam o teu coração? Amor, Ódio? Até que ponto te deixas provocar? Pode qualquer situação provocar-te... A amar?


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